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Morador de Itajaí cria desenho animado para ensinar língua brasileira de sinais

 

 

Depois de ver a dificuldade de uma jovem surda para ser compreendida em uma festa, o morador de Itajaí-SC Paulo Henrique Rodrigues criou um desenho animado para ensinar a Língua Brasileira de Sinais (Libras). O animador de 27 anos lançou o trailer do primeiro episódio de Min e as Mãozinhas. Veja o vídeo acima.

“Nesse dia me dei conta de que aprendi tantas coisas na escola, mas não aprendi Libras. Percebi que há um grande despreparo da maioria para falar com a comunidade surda e vi que a melhor forma para amenizar isso seria focar nas crianças. Foi assim que surgiu Min e as Mãozinhas, um projeto que une entretenimento e educação”, contou.

 

A história

 

O primeiro episódio da série tem oito minutos e conta a história de uma menina surda chamada Yasmin, conhecida como Min. Ela estava na casa da árvore quando um esquilo encontrou pegadas no chão e quis saber de quem eram. Eles vão até a floresta para descobrir quem deixou os sinais pelo caminho. Nesse passeio, encontram o elefante, o gato e o sapo. A todos, Min ensina, na Língua Brasileira dos Sinais, coisas como dizer o próprio nome e a falar “oi”.

O projeto prevê a criação de 13 episódios dentro de uma proposta pedagógica para disseminar a Libras. “Tive o auxílio dos educadores do Centro Municipal de Educação Alternativa de Itajaí (CEMESPI) que deram orientação sobre a língua e ainda a supervisão pedagógica de Isabel Hermes que propôs a união das histórias ao método do ensino de idiomas. O projeto deve compreender ainda o uso de livros didáticos. Para as próximas etapas espero encontrar parceiros, empresas que ajudem a dar continuidade ao trabalho”, explicou.

 

 

Paulo criou desenho para ensinar Libras para crianças (Foto: Paulo Rodrigues/Divulgação)

Paulo criou desenho para ensinar Libras para crianças (Foto: Paulo Rodrigues/Divulgação)

 

Com o projeto, Paulo quer também garantir acessibilidade às produções audiovisuais. “A ideia é simples, que as crianças surdas possam assistir desenhos como qualquer um, porque, na maioria das vezes, os desenhos não têm legendas e se têm, em geral, elas não têm alfabetização suficiente para acompanhar a leitura”, disse.

O primeiro episódio de Min e as Mãozinhas tem previsão para ser exibido em setembro nos cinemas da região. “A ideia é que as crianças aprendam palavras suficientes para ter um diálogo básico com um amiguinho surdo e assim poderemos ir melhorando aos poucos essa comunicação”, declarou.

 

 

Paulo, de camisa azul marinho, com a supervisora Isabel Hermes, os educadores Tatiane Zancanaro, Cristiane e Gustavo Horst e a intérprete Fabielle Barbosa (Foto: Paulo Rodrigues/Divulgação)

 

 

 

Disponível em: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/morador-de-itajai-cria-desenho-animado-para-ensinar-lingua-brasileira-de-sinais.ghtml

 

 

 

 

 

 

 

Pai cria aplicativo para filha com dano cerebral e vira referência no mundo

 

Na véspera do seu aniversário deste ano, Clara caprichou no visual para ir à Disney ver a sua princesa preferida, a sereia Ariel.

No dia seguinte, 11 de setembro, a garota nascida no Recife (PE) completava 9 anos, na mesma data em que o mundo rememorava os 15 anos dos atentados às Torres Gêmeas, em 2001.

"Nosso 11 de Setembro pessoal também mudou a nossa história", diz o analista de sistemas, Carlos Pereira, 38, sobre o dia do nascimento da filha, que sofreu uma paralisia cerebral durante o parto.

A família pernambucana viu parte do seu mundo ruir diante do diagnóstico de que Clara não ia andar nem falar em razão de sequelas da falta de oxigenação no cérebro.

Começava uma história de dedicação, superação e empreendedorismo. "Conviver com a deficiência de Clara me fez entender as necessidades de quem não se comunica oralmente e me levou a transformar isso em um software", reconhece o pai.

Nascia o Livox, aplicativo para crianças com deficiência "Criamos diversos algoritmos inteligentes que se ajustam à deficiência motora, cognitiva ou visual."

Clara inspirou e testou cada avanço da tecnologia brasileira que ganhou a chancela da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015 como a melhor ferramenta de comunicação alternativa do mundo. "Tenho em casa um exemplo 24 horas por dia, 7 dias por semana", diz Pereira, sobre um dos diferenciais do produto inovador.

O aplicativo custa R$ 1.350, mas passou a ser vendido com desconto de 74% pelas Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de São Paulo para democratizar o software no Brasil.

 

FALTOU OXIGÊNIO

 

O drama pessoal foi ponto de partida para que Carlos e a mulher, Aline, 36, transformassem "a tristeza em força para procurar meios para desenvolver as potencialidades da filha". A mãe viu a gravidez saudável virar pesadelo. "Fui ter um parto normal, mas a médica decidiu fazer cesárea. Com a demora, faltou oxigênio para Clara."

O casal soube da extensão do dano três meses depois. E foi à luta com a campanha "Um Real por um Sonho". Arrecadaram US$ 40 mil para custear um tratamento com células-tronco na China, entre 2007 e 2008. "A melhora foi considerável. Ela recuperou a capacidade de deglutir alimentos, um ganho fabuloso. Não comia nada sólido. Após o tratamento, come até pipoca", diz o pai.

Carlos se tornou sócio de um centro de reabilitação para difundir a metodologia chinesa na América Latina.

"Convenci investidores estrangeiros a vir para o Recife." Com US$ 200 mil e duas toneladas de equipamentos abriram a clínica em 2011, da qual Carlos se desfez este ano para se mudar para os EUA e se dedicar apenas ao aplicativo que ganhou o mundo.
Uma história que tem início numa start-up ancorada desde 2011 no Porto Digital do Recife, um dos principais parques tecnológicos do país.

"A Livox trabalha com alma para criar tecnologia que muda de forma radical a vida de pessoas, famílias e grupos que, sem ela, tinham pouca ou nenhuma conexão entre si e com o mundo ao redor", avalia Sílvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife até 2014.

Foi dali que saíram alguns dos engenheiros que ajudaram no desenvolvimento de um software diferenciado.

"A qualidade do aplicativo começou a mudar a vida de pessoas Brasil afora", diz Pereira. Ele cita Ronaldo Correia, 52, de Curitiba (PR), também com paralisa cerebral. "Com Livox, ele começou a ir para a balada, conheceu uma moça, casou-se e teve uma filha, a quem deu o nome de Clara."

Casos que chamaram a atenção do Google, que investiu R$ 2,2 milhões este ano para tornar o aplicativo dez vezes mais veloz. A empreitada levou a família Pereira para Orlando (EUA). Em setembro, Pereira obteve o visto nos EUA em uma categoria destinada a postulantes "com extraordinária habilidade no campo da ciência, da educação".

Instalaram-se em Orange County, confortável subúrbio a poucos quilômetros do Florida Hospital, que fará o primeiro estudo clínico do Livox. Nove pacientes usam a tecnologia brasileira, que tem versões em inglês, espanhol, alemão e árabe.

Depois de ser alfabetizada em português com o auxílio da ferramenta criada por Pereira, Clara foi matriculada na Sand Lake Elementary School. Faz o dever de casa com o auxílio dos pais. Aponta na tela do Livox a resposta certa do exercício de matemática: 30 x 4 = 120, falando em inglês com a voz do aplicativo.

"Aqui não precisamos falar de inclusão. Na escola, fizeram um teste para saber o nível de Clara e até se ela era superdotada", diz Aline. "O Brasil precisa achar que criança com deficiência pode ser muito mais."

Carlos cita Stephen Hawking. O físico tem esclerose lateral amiotrófica e se comunica com dispositivo similar ao Livox. "Uma mente brilhante que colocou a genialidade dele para fora por meio desse tipo de comunicação. Quantos Stephens não temos perdidos por aí?"

UMA BONECA

A motivação maior do pai empreendedor está no sorriso largo de Clara, que mostra inteligência e personalidade no olhar. Ela usa o Livox para expressar o que deseja comer e vestir, arrastando o bracinho frágil e as mãos sem coordenação pelo tablet.

Clara contou ao pai que se identifica com a princesa Ariel pelo fato de a sereia, assim como ela, não andar nem falar na maior parte do seu filme preferido. "Sou uma boneca que gosta de brincar e de jogar dado com meus pais", escreveu, usando o Livox.

Ela levou levou três dias para finalizar o texto eternizado no livreto de formatura da 1ª série. Para emoção e orgulho dos pais, as frases são um milagre da tecnologia e da persistência de pais que nunca duvidaram do potencial de Clara.

 

Site Livox:

http://www.livox.com.br/

 

 

Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/2016/11/1821563-pai-cria-aplicativo-para-filha-com-dano-cerebral-e-vira-referencia-no-mundo.shtml

 

 

 

 

 

Os desafios de uma mãe para incluir seu filho autista na escola

 

A história de Marinez e seu filho Isac nos mostra como ainda é difícil a inclusão das crianças com autismo no Brasil

Nesta segunda-feira (2), Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, Isac, um menino de oito anos e diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) desde os 3, irá para a escola pela primeira vez em 2018. O motivo: Isac está sem transporte especial, apesar de ter direito a ele, de acordo com o Estatuto da Criança com Deficiência. Sua mãe, Marinez Lourenço, de 36 anos, terá que fazer o trajeto de transporte público. “É muito ruim

andar de ônibus com ele. Ele não gosta de esperar no ponto, se joga no chão, se agride, eu tenho que levar a minha bolsa e as coisas dele todas no meu colo”, conta.

Isac mora com os pais no Capão Redondo, na periferia da zona sul de São Paulo, e estuda na EMEF José Saramago, a pouco mais de cinco quilômetros de distância. Desde que recebeu o diagnóstico do filho, a vida de Marinez mudou completamente. A matrícula em uma escola regular, garantida na Lei Brasileira de Inclusão a todas as crianças com deficiência desde 2015, foi a etapa mais simples. “Fui a uma defensora pública e escolhi uma escola perto de casa”, lembra. Marinez largou seu emprego como gerente em um restaurante para se dedicar ao filho, que até então estudava em uma creche particular. Atualmente, a família sobrevive com o salário do pai de Isac, que recebe cerca de R$ 1.500 mensais.

Por ter optado pela escola ao fazer a matrícula, Marinez foi informada de que não teria direito ao transporte escolar - porque “morava perto demais”. A salvação de Isac foi sua mãe saber que, quando se trata de uma criança com deficiência, a prefeitura deve arcar com o transporte para a escola e para o tratamento médico, mesmo em distâncias menores.

Essa foi a primeira de muitas brigas. Atualmente, Isac não tem transporte especial porque enfrentou problemas com o motorista em 2017. “Ele faltava muito, e a gente sabe que a rotina é fundamental na vida de uma criança com autismo. Não dá para o Isac faltar na escola”, explica Marinez. Ela pediu um novo motorista à Diretoria Regional de Ensino, mas no momento de renovar o contrato, o motorista era o mesmo. “Eu disse que não aceitaria aquele motorista, e eles pediram para eu assinar um termo de próprio punho dizendo que eu abria mão do transporte. Claro que não assinei”, lembra. A Diretoria Regional de Ensino de Campo Limpo, que atende Marinez, disse através da assessoria de imprensa que "o transporte escolar foi oferecido e está à disposição do aluno".

De acordo com dados do Censo Escolar de 2017, o Brasil vem avançando na matrícula de alunos com deficiência nas escolas regulares: foram mais de 827 mil alunos na Educação Básica. O índice de inclusão de pessoas com deficiência em classes regulares chegou a 90,9%.

A história de Isac mostra que incluir não é apenas matricular, e nos faz questionar: em que condições essa inclusão está acontecendo? O mesmo Censo Escolar aponta que somente 40,1% dos alunos com deficiência têm acesso ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), previsto em lei. “Desde a primeira liminar judicial para que ele tivesse uma vaga na Educação Infantil eu venho lutando junto com a defensoria pública para que nossos direitos sejam respeitados”, desabafa Marinez.

A rotina de mãe e filho é agitada. No período da manhã, Isac vai para a EMEF José Saramago, onde participa das aulas regulares. Volta para casa para almoçar, e as atividades do contraturno acontecem em outra escola, às segundas e quartas-feiras. Às terças, Isac

ainda tem encontros com a fonoaudióloga. Como muitas crianças de sua idade, o menino adora tecnologia. Os momentos na sala de informática são seus preferidos. Porém, quando a aula acaba, Isac expressa sua tristeza através de suas “crises”: balançando-se muito, jogando-se no chão. “Ele também tem crises quando tenta se comunicar e não consegue. Mas é um menino muito carinhoso, gosta de abraçar, aceita o toque das pessoas”, conta Heloize de Sousa Alves, assistente de direção na EMEF José Saramago.

Isac na sala de aula fazendo uma atividade para identificar quantidades. Crédito: Acervo pessoal

A escola em que Isac estuda é um pólo bilíngue para surdos. São 1100 alunos matriculados, dos quais 58 são surdos e 47 têm outras deficiências. Um grande número de casos de inclusão, portanto. Por conta disso, o projeto pedagógico da escola oferece aulas de LIBRAS para os alunos ouvintes, e a formação continuada dos professores, até 2017, era toda voltada ao estudo de deficiências. Mesmo em uma unidade que oferece muito mais apoio do que o que é comum, os percalços ainda existem.

A inclusão nas pequenas tarefas

“Meu filho é autista. No laudo, fala que ele tem dependência de um adulto para tudo. Ele não é verbal, não vai ao banheiro sozinho. Além do auxiliar pedagógico, ele precisa de um auxiliar de vida escolar (AVE) sempre por perto”, explica Marinez. Esse profissional, característico da rede municipal de São Paulo, tem as tarefas de um cuidador. “Ele auxilia na alimentação quando a criança não tem autonomia, troca a fralda das que usam, fica responsável por essas atividades cotidianas”, explica Heloize.

Cada profissional, na EMEF, cuida de aproximadamente sete crianças. Além do volume de trabalho, Marinez questiona a rotatividade da função, que novamente prejudica crianças que precisam de estabilidade para progredir em seus aprendizados. “Eles mandam um auxiliar que não tem um contato fixo, em geral um estagiário, que fica quatro horas por dia. Não

tem como criar um vínculo desse jeito: quando ele começa a desenvolver, a pessoa sai”, reclama.

Ela já viu seu filho sentado, no intervalo, olhando para uma laranja que não estava descascada. Isac não tem coordenação suficiente para descascar uma laranja por conta própria, e não havia quem pudesse ajudá-lo. “Que inclusão é essa que meu filho que adora laranja não tem o direito de comê-la?”

O diretor da escola, Anderson Severiano Gomes, explica que Marinez estranhou porque, na Educação Infantil, seu filho tinha um profissional de AVE praticamente em tempo integral. Já na EMEF, por questões de rotina e volume de alunos, os assistentes são focados em auxiliar nos momentos de alimentação e higiene. “São mais de mil alunos, quase 100 com alguma deficiência. É uma tarefa hercúlea a desses profissionais, e no dia a dia de uma escola, é comum que algumas coisas fujam ao controle algumas vezes”, diz ele.

A professora Silvana Drago, responsável pelas políticas de Educação especial na rede municipal de São Paulo, explica que a necessidade do AVE é avaliada por um grupo de profissionais. "Existe uma ideia de que uma criança de inclusão precisa de um cuidador, mas nós acreditamos que a responsabilidade pelos cuidados com aquela criança deve ser compartilhada por toda a escola. Nosso objetivo é a autonomia do aluno. Se a criança precisa de uma tutela, isso não é inclusão”, defende.

Falta formação docente especializada

Quando Isac ainda estava na Educação Infantil, Marinez foi visitar a escola - costume que mantém até hoje - e viu que seu filho estava isolado das outras crianças. “Eles davam peças de lego para o Isac e ele gostava de separar por cores. Enquanto isso, as outras crianças estavam brincando. Pensei ‘Estão excluindo o meu filho na escola, isso não está certo’”.

Seu olhar atento não deixa passar nenhum detalhe sobre as atividades do filho. Ela sabe se ele está interagindo, com quem, se o auxiliar pedagógico está fazendo um bom trabalho, como as professoras precisam conversar com ele. Tudo isso pode incomodar, como no episódio da laranja mencionado acima, mas Heloize garante que o trabalho é de parceria. “Há 3 anos ela estabeleceu uma relação muito próxima conosco. Eu acompanho as atividades do Isac e estou sempre contando o que aconteceu, mandando fotos para que ela se sinta segura e veja que estamos cuidando dele”, conta.

Em 2017, Heloize era coordenadora pedagógica e supervisora dos estagiários da escola. Ela desenvolveu, com a equipe, materiais adaptados para Isac e as demais crianças com deficiência. “Fizemos uma pesquisa e montamos caixas de encaixe, formas geométricas, figuras com cores, muitos materiais de pano e velcro, como um caderno em que Isac podia identificar as figuras e colocar na sua rotina”, conta. Tudo era experimentado para ver o que funcionava e o que não funcionava. “As estagiárias anotavam em seus cadernos qual atividade Isac tinha feito naquele dia e qual tinha sido o resultado, se ele gostou, se ele

repetiu”, lembra Heloiza. O caderno, de acordo com Anderson, foi um marco para a escola e para Isac. “Nós vimos avanço. Ele passou a reconhecer as figuras da sua rotina, a se organizar melhor dentro da escola, foi uma vitória para todos”, comemora.

A equipe da escola elaborou um caderno de pano para Isac assimilar as atividades de sua rotina. Crédito: Anderson Severiano Gomes

O segundo grande avanço de Isac foi participar de um passeio com a escola pela primeira vez. “Marinez estava com muito medo, chorou algumas vezes. Fiquei três dias negociando para que ela autorizasse”, lembra Heloize. No passeio, Isac interagiu com os amigos e participou das atividades, tudo registrado pela assistente de direção e compartilhado com a mãe.

Mesmo com avanços por parte da equipe, nem Marinez nem a própria Heloize deixam de pontuar a necessidade de profissionais melhor formados para lidar com aquela realidade. Muitas vezes, as próprias auxiliares pedagógicas, que são na verdade estagiárias, ficam assustadas com Isac e desistem do estágio. “Se fosse um profissional especializado, estaria mais preparado”, comenta Marinez.

Heloize vê na formação dos professores o grande gargalo para que a inclusão aconteça na prática. “Na faculdade, fala-se sobre inclusão de uma maneira muito abrangente. Não estudamos especificamente o que cada deficiência precisa, isso a gente só descobre no dia a dia”, relata a docente, que está fazendo uma especialização sobre autismo justamente por causa de Isac e de sua mãe. “A Marinez sempre falou que precisamos de pessoas preparadas para lidar com essa realidade, e eu achava um exagero. Hoje, nas aulas da especialização, vejo que ela tem razão”.

De acordo com a professora Silvana, todos os estagiários da rede municipal de São Paulo recebem formação específica sobre inclusão mensalmente, através do Cefai. “Essa

formação traz informações importantes, tanto sobre os direitos das crianças quanto o olhar pedagógico das intervenções necessárias em sala de aula”.

Quando perguntada sobre aonde quer chegar com todos os esforços para manter Isac matriculado e frequentando a escola regular, Marinez hesita. “Não sei. Sei que ele vem melhorando cada vez mais. Ano passado para mim foi um marco, eu vi a socialização dele com os colegas, cumprimentando o professor, foi a inclusão dos sonhos. Eu vejo que a escola, a direção querem fazer a inclusão, mas esbarram nesses problemas de burocracia. Eu só quero que o Isac se desenvolva de acordo com os seus limites. Prefiro errar tentando”.

 

Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11605/os-desafios-de-uma-mae-para-incluir-seu-filho-autista-na-escola

 

 

 

 

Educação infantil e os primeiros passos para a inclusão

 

Durante muito tempo, a educação especial configurou-se como um sistema paralelo de ensino dirigido ao atendimento direto dos portadores de necessidades especiais, agora ela se volta, prioritariamente, para dar suporte à escola regular no recebimento destes alunos. Justifica-se, portanto, o presente trabalho, pois buscará analisar as condições que as escolas de educação apresentam ou o que necessitam para o atendimento efetivo dessa clientela.


Uma instituição educacional que acredita no verdadeiro processo de inclusão deve promover situações diárias onde os alunos da Educação Infantil, cultivem o respeito, cidadania, o cuidar de si e do outro, aceitação, companheirismo e tantos outros valores necessários a formação de um cidadão justo.


Assim, este trabalho reflete sobre a importância da educação inclusiva na educação infantil para a formação e desenvolvimento de crianças portadoras de necessidades especiais e a influencia precoce em relação à aquisição da linguagem. E como a aprendizagem é processo complexo acerca do qual existem infinitas definições e conceitos, ressaltamos a importância da educação infantil para um melhor aprendizado. Pois as instituições de educação infantil não estão preparadas para as mudanças propostas por uma educação aberta às diferenças.


PRIMEIROS PASSOS


Antes de se falar em inclusão, é preciso compreender que incluir não é encaminhar o sujeito para a escola e pronto. Há a necessidade de se fazer o acompanhamento junto aos pais, professores e ao próprio indivíduo, por uma equipe multidisciplinar. Esses profissionais precisarão de dedicação, planejamento e responsabilidade, pois é difícil refazer caminhos que já estão habituados a serem trilhados automaticamente, sem esforços e sem mudanças. Na educação infantil, a inclusão veio revolucionar o sistema organizacional e as propostas curriculares vigentes. Inclusão implica em mudanças de paradigma, de conceitos e posições, que fogem a regras educacionais tradicionais. A meta da inclusão escolar no ensino infantil é transformar instituições, de modo que se tornem espaços de formação e de ensino de qualidade para todos os alunos, mesmo aqueles que: 

“(...) por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens correspondentes a sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas. Genericamente chamados de portadores de necessidades especiais classificam-se em portadores de deficiência (mental, visual, auditiva, física e múltipla), portadores de condutas típicas (problemas de conduta) e portadoras de altas habilidades (superdotados) “(Brasil, MEC/SEESP, 1994, P.13)


São objetivos principais da educação especial, proporcionar ao portador de deficiência a promoção de suas capacidades, envolvendo o desenvolvimento pleno de sua personalidade, a participação ativa na vida social e no mundo do trabalho, assim como o desenvolvimento biopsicossocial, proporcionando maior autonomia as crianças de 0 a 5 anos, portadora de necessidades especiais.


A inclusão é um tema polêmico, visto por muitos como algo do futuro, impossível de ser realizado nas condições atuais de ensino. Porém algumas pessoas vêm se mobilizando a fim de mostrar aos educadores e até mesmo a sociedade, que não tem como ficar estático frente ao processo que está vigorando a cada dia. “Hoje, com a política de inclusão, a educação infantil é a porta de ingresso ao sistema educacional para boa parte das crianças, devendo o atendimento educacional especializado ser ofertado na própria creche ou pré-escola em que a criança está matriculada”, afirma Cláudia Pereira Dutra, Secretária de Educação Especial do MEC (Seesp) (Revista Criança Nov/2007, pág. 21)

Fundamentos 

Para Sassaki inclusão “é um processo de mudança do sistema social comum, para acolher toda a diversidade humana. Para a maioria das pessoas, quando se fala em inclusão, muitas vezes pensa-se no aspecto de uma pessoa que estava excluída ser "colocada dentro", para não ser marginalizada, discriminada.” A inclusão prioriza a valorização da dimensão humana, da criança cidadã com seus direitos fundamentais e deveres garantidos desde seus primeiros anos de vida. O paradigma anterior propunha uma visão assistencialista, de educação compensatória, surge então para romper esse pensamento à visão integral do desenvolvimento na qual a criança é considerada como pessoa autônoma, inserida num determinado contexto sócio-histórico-cultural.


Surge então em 1990 o movimento em prol da sociedade inclusiva, iniciado nas Nações Unidas, mediante resolução desse organismo em defesa de uma sociedade para todos, configurando assim a normativa universal que fundamenta a implantação da inclusão.


Essa abrangência foi definida em 1994, no conhecido Encontro de Salamanca (Espanha), resultando no documento que marcou época. A Declaração de Salamanca veio reafirmar o direito à educação de todos os indivíduos, tal como está inscrito na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, e relembrando as diversas declarações das Nações Unidas que culminaram, em 1993, nas Normas das Nações Unidas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência, as quais exortam os Estados a assegurar que a educação das pessoas com deficiência faça parte integrante do sistema educativo.


Esse documento encontra apoio legal na Constituição da República Federativa do Brasil /1988, inciso IV do artigo 208, no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, e principalmente na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) lei nº 9394 de 20/12/1996, artigos, 29, 58 e 62. Do ponto de vista da política educacional os presentes delineamentos têm seu fundamento no Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), e como ação pedagógica, encontram respaldo no Plano Nacional de Educação, Lei 10.172 de 09/01/2001, nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, publicada em 11/09/2001 e nas estratégias e conteúdos programáticos contidos no Referencial Curricular da Educação Infantil (1998).


Intervenção Pedagógica

O trabalho pedagógico deve respeitar o ritmo da criança e propiciar-lhe estimulação adequada para o desenvolvimento de suas habilidades, levando em consideração suas necessidades.


Frequentar a escola de ensino infantil permitirá a criança especial adquirir, progressivamente, conhecimentos cada vez mais complexos, que serão exigidos da sociedade e cujas bases são indispensáveis para a formação de qualquer indivíduo.


O ensino das crianças especiais deve ocorrer de forma sistemática e organizada, segundo passos previamente estabelecidos, o ensino não deve ser teórico e sim ocorrer de forma agradável e que desperte interesse na criança. Sua avaliação deve ser formativa, para manter todos informados sobre a aprendizagem adquirida, bem como identificar dificuldades e auxiliar as crianças a superá-las. Normalmente o lúdico atrai muito a criança na primeira infância, e é um recurso que permite o desenvolvimento global da criança através da estimulação de diferentes áreas.


Não se pode esquecer que é preciso respeitar o ritmo de aprendizagem, que será mais lento. Inteligência, memória e capacidade de aprender podem ser desenvolvidas com estímulos adequados.


“O fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde, pois é possível que madure lentamente”. (SCHWARTZMAN, 1999 pág.246)
Inicialmente a criança adquire uma gama de conhecimentos livres e estes lhe proporcionarão condições de desenvolver conhecimentos mais complexos, como o caso das regras. É importante antes de a criança adquirir qualquer conhecimento, descobrir seu corpo e construir uma imagem corporal, uma representação mental perceptiva e sensorial de si mesma. O resgate do corpo, o conceito de vida associado a movimento é a retomada da criança como agente ativo na construção de sua própria história.


A criança tem que ser vista de forma global e educá-la não é apenas trabalhar a mente e sim o todo, abrangendo todos os aspectos inclusive a necessidade de interagir com o meio tendo contato direto com o universo de objetos e situações que o cercam, podendo assim, efetivar suas construções sobre a realidade.


Todas as atividades proporcionadas à criança devem ter por objetivo a aprendizagem ativa que possibilite a criança desenvolver suas habilidades.


A Formação e a Postura do Professor


A ação do professor, tanto nos que se refere ao seu planejamento como a sua atuação efetiva na vivência de sala de aula, é determinada pelo seu jeito de pensar a vida, pela sua visão de mundo, pela leitura que faz da sociedade, da educação, do ensino, do seu papel de trabalho, de si mesmo enquanto cidadão, de seu compromisso com o aluno, da relação professor/aluno. Todas essas ideias, essas concepções, constituem uma verdadeira teoria pessoal, subjetiva, particular, resultado da história de vida de cada um.


O professor é uma figura indispensável no planejamento, implantação e implementação dos programas de atendimento especializado e na inclusão das crianças na Educação Infantil.


Este profissional deve valorizar as reações afetivas de seus alunos e estar atento ao seu comportamento global, para solicitar recursos mais sofisticados como a revisão médica, psicológica, e até mesmo o encaminhamento para uma avaliação com assistentes sociais, neurologistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfim, com profissionais especializados para se chegar à hipótese diagnostica através do estudo de caso.


Atualmente o professor tem a seu lado a Neuropedagogia que com base nas Neurociências busca através do estudo do cérebro e de como ele aprende, possibilitar intervenções nas competências cognitivas, orgânicas, emocionais e sócio-interativas da pessoa, buscando uma atuação que dê significado à aprendizagem.


Segundo RIESGO (2006) a Neuropedagogia é a interface entre saúde e educação, na qual o assunto é o aprendizado normal e seus principais problemas. Na educação agem os educadores, orientadores educacionais, psicopedagogos e os pedagogos. Na saúde há mais profissionais, os pediatras, neurologistas, psicólogos, musicoterapeutas, neuropediatras, psiquiatras, entre outros.


Cabe ainda ao professor buscar formas da criança manifestar o que pode aprender e não se preocupar com as rotulações, organizar práticas educativas que valorize a cooperação, utilizar as experiências de vida do próprio aluno como fator motivador de aprendizagem, ser flexível nos métodos de avaliação e, sobretudo contribuir para a construção de uma escola infantil de qualidade para todos.


O respeito mútuo fundamenta as relações entre professor e aluno, em consequência disso as crianças com NEE se sentem a vontade, pois estão seguros de que não correm riscos de serem taxadas de ignorantes, incapazes e ingênuas.


“A inclusão é uma visão, uma estrada a ser viajada, mas uma estrada sem fim, com todos os tipos de barreiras e obstáculos, alguns dos quais estão em nossas mentes e em nossos corações.” (PETER MITTLER)



Família e a Educação


A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do programa educacional, promovendo desta forma uma interação com a criança portadora de necessidades especiais. Também é fundamental que a família incentive a pratica de tudo que a criança assimila.


“A qualidade da estimulação no lar e a interação dos pais com a criança se associam ao desenvolvimento e aprendizagem de crianças com deficiência” (CRAWLEY, SPIKER 1983)


Assim é fundamental o aconselhamento a família que deve considerar sobretudo a natureza da informação e a maneira como a pessoa é informada, com o propósito de orientá-la quanto à natureza intelectual, emocional e comportamental.
Os pais e familiares da criança NEE, precisam se informar sobre a natureza e extensão da deficiência, quanto aos recursos e serviços existentes para a assistência, tratamento e educação, e quanto ao futuro que o aguarda.


Os orientadores devem se preocupar com os temores e ansiedades, sentimentos de culpa e vergonha dos familiares. Devem reduzir a vulnerabilidade emocional e as tensões sofridas, aumentando a capacidade de tolerância.
O objetivo principal é ajudar a lidar mais adequada com os problemas decorrentes das deficientes e no aconselhamento de alguns pontos importantes: ouvir as dúvidas e questionamentos, utilizar termos mais fáceis e que facilitem a compreensão, promover maior aceitação do problema, aconselhar a família inteira, trabalhar os sentimentos e atitudes e facilitar a interação social do portador de necessidades especiais.


A superproteção dos pais em relação à criança pode influenciar de forma negativa no processo de desenvolvimento da criança e normalmente, estes concentram suas atenções nas deficiências da criança de modo que os fracassos recebam mais atenção que os sucessos, e a criança fica limitada nas possibilidades que promovam a sua independência e interação social.


“As habilidades de autonomia pessoal e social proporcionam melhor qualidade de vida, pois favorecem a relação, independência, interação, satisfação pessoal e atitudes positivas. “(BROWN, 1989)


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Temos consciência da necessidade de trabalhar com a criança especial desde os primeiros anos de vida, tornando-se fundamental seu ingresso na escola, desde a Educação infantil, preparando professores e ambiente propicio a esse aprendizado.


Para termos uma escola inclusiva é necessário fazer adaptações físicas, e o mais importante ter uma equipe de profissionais capacitados para apoiar os professores, pais, revertendo o modo de pensar, planejar, atender a todas as diversidades.


Os dados obtidos nos levam a conclusão de que a educação infantil é primordial para a aquisição do aprendizado, principalmente nos primeiros anos de vida, quando a criança encontra-se em período de maturação orgânica e seu sistema nervoso está sendo moldado pelas experiências e estímulos recebidos e internalizados. A estimulação do portador de necessidades especiais na fase inicial da vida é extremamente importante para o desenvolvimento da criança e minimizam as ocorrências de possíveis déficits de linguagem na primeira infância, o cérebro humano é altamente flexível devendo ser estimulado para que possa desenvolver todas as suas potencialidades. 


Com a inclusão não se pode mais esperar que a pessoa portadora de necessidades especiais se integre sozinha, espera-se que os ambientes estejam preparados para receber todos.


“É preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza.” Santos (1995). O esperado é que a escola inclusiva amadureça socialmente e não possa mais esconder tantos problemas que ameaçam o futuro de nossas crianças e possa agir desde os primeiros anos, facilitando assim sua existência.


A meta da inclusão escolar é transformar as escolas de modo que se tornem espaços de formação e de ensino de qualidade para todos.

 

Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/educacao-infantil-e-os-primeiros-passos-para-a-inclusao/58404

 

 

 

 

Alunos criam aplicativo para crianças com Síndrome de Down

 

PlayDown, um aplicativo para o desenvolvimento de crianças com Síndrome de Down e outras deficiências intelectuais, foi criado por alunos recém-formados no curso técnico de informática pela Escola Técnica Estadual (Etec) Doutor Emílio Hernandez Aguilar, de Franco da Rocha-SP, através de um projeto coordenado pela professora Débora Vicente.

Composto por dez games com desafios de diferentes níveis, que auxiliam na memorização, raciocínio lógico, coordenação motora e autodomínio, o PlayDown foi escolhido como “Melhor Projeto de Inclusão” da Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps) 2015.

É importante saber que antes de liberar o aplicativo para download, os alunos e a professora pesquisaram o mercado de games, conversaram com especialistas da área médica e visitaram hospitais e instituições, como a Associação de Pais Amigos dos Excepcionais (APAE), para encontrar a medida certa entre brincadeira e aprendizado.

 

Disponível em: https://salaaberta.com.br/alunos-criam-aplicativo-para-criancas-com-sindrome-de-down/